terça-feira, 10 de julho de 2012

DIREITOS LINGÜÍSTICOS TAMBÉM SÃO DIREITOS HUMANOS


Recentemente se comemorou os 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e neste contexto vários setores da sociedade têm devidamente discutido várias formas de discriminação que os indivíduos ainda sofrem. No entanto um tipo de discriminação que tem sido negligenciado é a discriminação lingüística.
O artigo 2 da referida Declaração afirma que todas as pessoas podem usufruir de todos os direitos e liberdade estabelecidos na Declaração, sem distinção de qualquer tipo, especialmente de raça, cor, sexo, LÍNGUA, religião, etc... No que se refere à discriminação por língua o que se verifica é que atualmente é um tipo de discriminação muito sutil, mas muito freqüente infelizmente.
Devido à hegemonia econômica e política algumas línguas e os povos que as falam acabam se privilegiando e ficam numa situação muito favorável, mas a grande maioria da população mundial é vítima deste tipo de discriminação, têm que investir muito dinheiro e anos de sacrifício para atingir apenas um grau razoável de domínio da língua da nação hegemônica. Isto sem falar na vantagem psicológica que os indivíduos privilegiados que podem se expressar na sua língua materna sem medo de errar ao passo que os indivíduos que são obrigados a falar numa língua que não é a sua língua materna têm, logicamente, um certo receio de se expressar em uma língua que não é a nativa do falante.
A atual política lingüística mundial (baseada exclusivamente nos idiomas nacionais) é antidemocrática e está baseada na “lei do mais forte”: quem detêm a hegemonia econômica impõe a língua. É também uma política que levanta obstáculos de expressão, comunicação e associação. Este assunto foi muito debatido em 1980 em Stokholmo por 1800 participantes de 51 países por ocasião do 65o Congresso Mundial de Esperanto que chegou à seguinte conclusão:
“1 O problema da discriminação lingüística está intimamente ligado a outras espécies de discriminações, e estes tipos de discriminações têm suas dimensões lingüísticas.
2 Entretanto também a discriminação lingüística é claramente distinguível como um problema à parte, que é freqüentemente confundida com discriminação racial ou étnica, mas efetivamente têm suas características únicas.
3 Ocorre discriminação lingüística se de dois grupos que têm línguas diferentes, o primeiro grupo deve aprender a língua do segundo, mas o segundo grupo não deve aprender a língua do primeiro.
4 Lingüisticamente discriminados podem ser não apenas grupos lingüísticos minoritários dentro de um mesmo país, mas também num quadro mundial, as nações e estados independentes.
5 Discriminação lingüística pratica aquele que pratica a sua própria língua também para todos os contatos com falantes de outras línguas, obrigando-os assim a usar sua língua.
6 Discriminação lingüística sofre aquele que é obrigado por um outro povo a usar sua língua em definidas esferas da vida (por exemplo, na educação , na profissão, em contatos internacionais)
7 Discriminação lingüística entre países manifesta-se na política interna de organizações internacionais, que favorecem algumas línguas nacionais como línguas de trabalho ( e consequentemente favorecem alguns países em detrimento à outros) e desta maneira excluindo algumas línguas, freqüentemente as línguas dos países menos fortes.”
É necessária uma conscientização da necessidade de uma nova política lingüística baseada no respeito e na igualdade, e através do uso de uma língua internacional que não se identifique com nenhum Estado ou Nação. Neste sentido, o lingüista Edward Sapir afirma que as línguas nacionais são enormes interesses capitalizados que resistem em uma hostilidade surda à qualquer inquérito ou devassa. Sapir também afirma que a atitude de independência em face de uma língua artificial que falantes de todas as línguas adotem(como uma Segunda língua, ao lado da língua nacional) é em verdade uma grande vantagem, porque concorre para o homem se sentir dono da língua ao invés de seu escravo e que o acatamento a uma forma de expressão que não se identifica com nenhuma unidade nacional provavelmente há de ser um dos mais poderosos símbolos da liberdade do espírito humano, que o mundo jamais conheceu.
É necessário uma conscientização que os direitos lingüísticos fazem parte dos direitos humanos e atentar para o papel significativo que o esperanto Língua Internacional, pode desempenhar para a eliminação da discriminação lingüística, e a intensificação da cooperação entre países de uma maneira democrática e igualitária, através de um bilingüísmo planejado de modo que a língua de cada indivíduo seja respeitada e incentivada o seu uso e havendo necessidade de um contato entre falantes de línguas diferentes seja usado um idioma sem nacionalidade. Os diversos países e organizações internacionais devem seriamente analisar o potencial que o idioma Esperanto proporciona como um recurso de comunicação internacional com o objetivo de seguir os princípios da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Nenhum comentário: